domingo, março 27, 2011

Um desafio e uma homenagem à minha família!

Quando li o desafio do Cinco Quartos de Laranja e da RTP fiquei muito entusiasmada e resolvi fazer os Mexidos da minha avó, pois é uma sobremesa que está sempre presente em todos os Natais na nossa família. Apesar de nunca ter conhecido a minha avó, esta missão foi passada à minha mãe. Lembro-me que desde muito pequena passávamos a tarde, de 24,  a cortar as nozes, a pelar as amêndoas num convívio na cozinha. 
Como nasci nos anos 80 resolvi ligar às minhas tias e à  minha mãe na esperança de conseguir algumas recordações relacionadas com os preparativos da Ceia de Natal dos anos 60 e assim nasceu esta história.

Os meus avós maternos tiveram 6 filhos: dois rapazes e 4 raparigas. Escusado será dizer que havia sempre muita agitação por toda a casa. No entanto, a minha avó sempre foi uma pessoa muito calma e conseguia gerir a casa e ainda estar completamente apaixonada pelo meu avô. 
Nos anos 60, os preparativos do Natal começavam com a compra de um peru vivo na Praça de Santo António, 4 dias antes do Natal. Nessa altura, diversos homens levavam os seus perus e prendiam-nos com cordéis pelas patas na praça. A minha avó ia com a empregada para a ajudar trazer o peru vivo para casa. Este, mal chegava a casa, ia para marquise já preparada com jornais no chão. De seguida, a minha avó dava ao peru aguardente do Minho com jarro pequeno. Este cambaleava, pela marquise, até ter o seu fim e depois era depenado. No dia seguinte era colocado num alguidar com água, sal, limão e laranja e depois era pendurado nas torneiras do gás, por um cordel, onde passava a noite. Era recheado e só na manhã do dia 25 é que era colocado no forno para ser saboreado ao almoço. 
Os doces eram preparados no dia 24 e todos ajudavam. Uma das minhas tias ficava encarregue de fritar os sonhos e as fatias douradas; o meu avô abria as nozes (colocava duas nozes na mão e partia-as), o meu tio partia as amêndoas que depois eram escaldadas e todos ajudavam a tirar a pele e a minha avó ia fazendo várias sobremesas ao mesmo tempo que  coordenava tudo.
No jantar de 24 só se comia bacalhau e depois os meus avós e tios iam à missa do Galo. Só quando voltavam da missa é que comiam os doces: farófias, mexidos, sonhos, fatias douradas e também pãezinhos de leite com fiambre a acompanhar com uma garrafa de champanhe.
Agora o Natal é diferente, mas a comida é a mesma, especialmente os Mexidos que têm um lugar muito especial. Assim em homenagem à minha família e a todos os momentos que nos juntamos em torno da comida, resolvi fazer os famosos Mexidos da minha avó para este desafio. 




Ingredientes:
250 g de pão
250 g de açúcar
1 litro de leite
1 colher de sopa de manteiga
raspa de 1 limão
6 gemas
1 cálice de vinho do Porto
nozes
pinhões
passas
amêndoas


Corta-se o pão em pedaços.
Ferve-se o leite e verte-se sobre o pão tapando-se, de seguida, durante uns minutos.
Mexe-se com uma colher e de seguida desfaz-se com a varinha mágica.
Junta-se o açúcar, a manteiga, a raspa de limão e as gemas.
Vai ao lume, brando, e deixa-se a ferver durante 5 minutos, mexendo sempre.
Retira-se do lume e mistura-se o vinho do Porto e os frutos secos picados grosseiramente.
Coloca-se em taças de vidro polvilhadas com canela.


P.S. Na altura a minha avó não usava varinha mágica e desfazia os mexidos com uma colher de pau e depois passava num coador.

6 comentários:

  1. Acabo de conhecer o seu blogue, e esta receita embora diferente, fez-me lembrar uma que se fazia lá por casa na minha infância. Não sei bem que ingredientes levava, mas era uma espécie de "papas de farinha torrada". Parabéns pelo blogue, vou segui-lo atentamente.

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  2. Muito obrigada pelo comentário :)
    Beijinhos
    rita

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  3. Rita,
    gostei imenso da tua história, de sentir o ambiente caloroso da festa de Natal em casa da tua avó com a família. A compra do peru, tão gira! E tão diferente do que é hoje.
    Os mexidos devem ser óptimos.
    Muito obrigada pela tua participação.
    Um beijinho.

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  4. Este doce é muito bom!
    Não conheci esta familia nos anos 60 nem 80, mas hoje em dia posso dizer que continuam a festejar o Natal como uma grande festa de família da qual tenho o prazer de fazer parte, e os mexidos estão sempre lá.

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  5. Eu adoro mexidos e também os faço sempre pelo Natal. Gostei muito da homenagem que fizeste à tua família.
    Beijinho

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  6. Olá:
    Moira e Laranjinha: ainda bem que gostaram da receita e da história. Na verdade a história da preparação do perú foi sempre uma coisa que me fascinou desde criança. Obrigada e beijinhos

    Isabel: espero que tenhas gostado dos mexidos que te levei e eu tb estou muito contente de te ter na família :) Um grande beijinho

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